29 de nov. de 2009
Convite ao Despreendimento
“Não ajunteis para vós tesouros
na terra, onde a traça e a ferrugem
os consomem, e onde os ladrões penetram
e roubam...”
(Mateus: capítulo 6º, versículo 19.)
Desprendimento na qualidade de desapego,
não de estroinice nem dissipação.
Todo e qualquer motivo que ata
à retaguarda sob condicionamentos
retentivos se transforma em cadeia
escravizante.
Os objetos a que o homem se apega
valem os preços que lhes são emprestados,
constituindo-se elos a impedirem o avanço
do possuidor, na direção do futuro...
Desapego, portanto, em forma de libertação
do liame pessoal egoístico e tormentoso
que constitui presídio e patíbulo para quem
se fixa negativamente como para aquele que
se faz sua vítima afetiva.
Libertar-se das aflições constritivas,
asfixiantes, para marchar com segurança.
Doa com alegria quanto possas, generosamente.
O que distribuis com equilíbrio e lucidez
multiplica-se, o que reténs reduz-se.
Abundância, como excesso engendram
miséria e loucura.
Distende assim, mão generosa na alfândega
da fraternidade, mas libera-te da emotividade
desregrada, da posse afetuosa a objetos,
animais e pessoas, porqüanto mais carinhos
que te mereçam, mais devoção que lhes dês, chegará
o dia de atravessares o portal do túmulo,
fazendo-o em soledade, livre de amarras
ou jungido ao que se demorará, a desgastar-se
pela ferrugem, pelo azinhavre, corroído
ou simplesmente em trânsito por outras mãos
ante a tua tormentosa impossibilidade
de reter e interferir.
Joanna de Ângelis/Divaldo P Franco
de Convites da Vida
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