19 de set. de 2009

Ante a Morte Violenta



Emmanuel

Em verdade, no mundo, o túmulo imposto à pressa
é daquelas provas terrenas que mais
dilaceram o coração.

Diante das vidas nobres que se interrompem,
de improviso, dolorosas indagações
são endereçadas ao Céu.

Não raro, à frente da morte súbita,
outras existências promissoras
começam a fenecer.
São almas que ficam na retaguarda,
carregando consigo o esquife dos sonhos mortos
ou algemados ao rochedo da angústia,
sem coragem de romper os grilhões
que as encarceram no sofrimento.

Muitas vezes desvairadas,
recusam a oração ou renegam a fé.

Asseveram-se sozinhas no temporal
das próprias lágrimas e, por vezes,
descem, desavisadas, nos mais graves
desequilíbrios do pensamento.

Entretanto, é preciso que o entendimento
que nos caracteriza no mundo se submeta
aos juízos soberanos e sábios da morte,
para que a nossa temporária permanência
no corpo físico não fuja à condição de aprendizado.

Imprescindível lembrar que na engrenagem
da civilização de agora, comumente reparamos
os próprios erros de ontem.

Entre as máquinas que lhe reduzem as lides
e obrigações, muita vez encontra o homem
o corretivo e o reajuste, a paz e a
liberação da própria alma.

Auxilia aos entes queridos que partiram da Terra,
em luta repentina, ofertando-lhes à estrada
o bálsamo precioso da consolação e da prece.

Recorda que a Misericórdia Celeste
adoça todos os processos da justiça universal
e reconforta-lhe na certeza de que
Deus faz sempre o melhor.

Contempla as vítimas dos hábitos infelizes,
tantas vezes mergulhados nas sombras da obsessão.

Observa os que choram nos sepulcros
da consciência culpada e que se debatem
no inferno do remorso e do arrependimento,
sem comiseração para consigo mesmos!

Reflete nos quadros tristes a se erguerem
das provas necessárias e conserva contigo
a paciência e a esperança de quem recebe
na dor inesperada o socorro oculto
da Providência Divina.

Se o gládio da morte violenta te busca o lar,
faze silêncio e confia-te ao tempo,
o médico invisível que nos restaura
as energias do coração.

Não blasfemes, nem desesperes.

Aguarda o Amparo Celestial,
mantendo a certeza de que tudo aquilo
que hoje ignoras, amanhã saberás.


Emmanuel/Chico Xavier
do livro Mais Perto

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