29 de ago. de 2009
O Outro Lado
Há quem diga que, não reagir a uma agressão
ou a qualquer outro ultraje sofrido,
é um ato de covardia moral.
Crê-se mesmo que, por falta de reação a muitos males
que dominam os arraiais terrenos,
estes proliferam assustadoramente.
Os partidários, porém, da força, equivocam-se,
na observância e conclusão do problema.
Não reagir, de forma alguma significa concordar
ou apoiar o que merece, sem dúvida, correção.
O método eficaz para mudar as paisagens infelizes
do momento, porém, é outro, evitando-se, pela brutalidade,
o desencadear de mais danosas consequências.
Assim, a legítima atitude, deve ser a da educação
pelo exemplo, capaz de transformar o agressor imprudente.
Conveniente não se confundir a ação educativa
com a reação selvagem, que nivela os antagonistas
que caíram na situação desagradável.
Demonstrar a paz íntima diante do tumulto
e vivê-la sob a injunção penosa é forma de engrandecê-la.
Quem raciocina com acerto e sabe avaliar
o significado do bem, não reage, não agride,
não investe contra; todavia, atua com equilíbrio,
educa com segurança, compreende a falha alheia,
e a desculpa...
Quando um contendor não revida, desaparece
o motivo de prosseguimento da disputa.
Está demonstrado, pela crescente onda de conflitos
e malquerenças, que o revide somente piora a situação,
enfurecendo mais os antagonistas.
Se descobres no ofensor, o teu irmão doente,
terás paciência.
Se consideras o teu agressor alguém que se desequilibrou,
porque é vitima de vários males que o infelicitam,
compreendê-lo-ás.
Se examinas o ataque que alguém te faz,
sem dar-lhe valor, o mesmo perderá o significado.
Assim, pensarás em socorrer o enfermo, reequilibrar
o desvairado, ensejando-lhes renovação e propondo-lhes
educarem-se para conquistar a paz que lhes falta.
Diante de uma dificuldade, tens uma forma de solucioná-la,
enquanto o teu próximo tem outra.
A vida possui duas faces: a boa e a má.
“Se alguém te bater numa face, disse Jesus,
apresenta-lhe a outra.”
Uma é a face da violência, do orgulho ferido,
da vaidade mesquinha, do medo. A outra é a da paz,
da confiança no bem, da vitória do amor, da dignidade.
Faz-se preciso, para contrabalançar a penosa situação
de belicosidade entre os homens, que alguém apresente
o outro lado do comportamento, que jaz oculto,
mas que eleva e dignifica a criatura.
Todos já conhecem o lado brutal, que a maioria das pessoas
ufana em ostentar a qualquer momento.
Por isso, podem ser temidas, mas nunca, sequer,
respeitadas ou amadas.
Jamais te recuses a apresentar o teu outro lado,
a face melhor da tua vida, desarmando o mal
e sensibilizando o adversário mediante a onda
de amor que lhe dirijas.
Age, portanto, com o lado bom do teu comportamento,
auxiliando a instalação do bem na Terra.
Jesus jamais revidava mal por mal.
Acossado sempre pelos urdidores da impiedade, manteve-Se,
apresentando o outro lado dos problemas pela ótica da paz, e,
quando levado às atitudes enérgicas, buscou educar a todos,
orientando-os para a renovação.
Face a tal atitude, Seus exemplos não foram inúteis
e a Sua doutrina permanece como o outro lado,
no duelo que se trava entre o bem e o mal,
que é o lado de Deus.
Viseu, Portugal, 07.10.1983
Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco
do Livro Seara do Bem
(Diversos Espiritos)
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