1 de jun. de 2009

Semeador de Luz





Esparzem os raios de luz
que espoucam na tua alma,
junto ao solo dos corações,
enquanto medram soberanas
sombras e imprecações.

Malgrado estejam feridas tuas mãos
pelo cajado das lutas quotidianas,
não seja isto empecilho para o mister
da sementeira.

Pelo contrário, permite que as gôtas de suor
da face cansada e as bagas sanguinolentas,
caindo na terra das almas se transformem
na umidade generosa que desenvolve o embrião
a dormir no casulo do amor latente em todos.

Embora os pés assinalados pela presença
dos espinhos e da urze, avançana direção
do Infinito, alargando a vereda que se estreita
à frente para que os da retaguarda
possam avançar também.

Não fales de cansaço nem arroles decepção.
Aquêles que entesouram o amor podem desdobrar
em milhares as moedas da coragem,
para continuarem ricos de entusiasmo.

Multiplicam os haveres na razão em que os doam
e quanto mais distribuem mais possuem,
conseguindo o milagre da felicidade onde se encontram.

Passam muitas vêzes combatidos pela indolência de uns
e perseguidos pela rebeldia de outros,
mas não se detêm.

Utilizando o tempo com propriedade,
por reconhecerem que a hora da semeação
passa breve e é necessário aproveitar
o momento azado, não se rebelam, nem recalcitram,
insistindo e perseverando com otimismo.

Semeador da luz:
não temas a treva nem a discórdia,
a precipitação ou a preguiça.

Muitos se dizem cansados no campo;
outros se afirmam desiludidos;
vários desejam renovar emoções
caracterizando-se por inusitada saturação;
alguns simplesmente desertaram,
e onde medravam as primeiras plântulas
a erva daninha triunfa e a desolação governa...
Prossegue tu, porém, insistentemente,
mesmo que te suponhas abandonado, a sós


Há aquêles que semeiam animosidades
deparam idiossincrasias.
Abundam os que espalham a ira
e defrontam resíduos de ódios
onde chegam.

Na alfândega da vida muitos apresentam
disfarçadas as sementes da maledicência
e da infâmia esperando liberação.

O imposto da impertinência, porém,
cobra taxas pesadas àqueles que se
fazem fiscais em nome da impiedade.

Por isso, na gleba imensa dos homens
surgem e ressurgem tantos afligentes
e afligidos disputando espaço na ribalta
da ilusão fisiológica.

Passam disfarçados, enganadores ou enganados,
na busca do desencanto.
São, também, semeadores do desconcêrto
que defrontarão adiante...

Mesmo os cardos se enflorescem, algumas vêzes,
e as pedras refulgem quando lapidadas.

Semeia, pois, a luz da esperança,
ainda e sempre, desde que se te depare
oportunidade feliz.

Um dia, um Homem Sublime abandonou
por um pouco um jardim de estrêlas
para depositar nas criaturas da Terra
gemas de refulgente esperança
em torno do Seu Reino.

Ímpios e caídos, hipócritas e pecadores,
nobres e plebeus, gentes simples e prepotentes
receberam Sua dádiva e fizeram que mergulhassem
na terra das suas vidas os raios da Sua luz,
transformando-se em sóis de bênçãos que,
desde então, clareiam os destinos da Terra.

E ele mesmo, quando foi desdenhado
numa cruz, fulgurou numa excelente madrugada,
continuando a semear a luz da imortalidade
na mente e no coração dos que jaziam na sombra da
saudade e do medo.


“Pondo-vos a caminho, pregai que está próximo o Reino dos
Céus”.
Mateus: capítulo 10º, versículo 7.

*
“As grandes vozes do Céu ressoam como sons de trombetas, e os
cânticos dos anjos se lhes associam. Nós vos convidamos, a vós
homens, para o divino concêrto. Tomai da lira, fazei uníssonas
vossas vozes e que, num hino sagrado, elas se estendam e repercutam
de um extremo a outro do Universo”.
Prefácio, parágrafo 3.


Joanna de Ângelis
por Divaldo Pereira Franco
do Livro Florações Evangélicas

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