26 de jun. de 2009

Afeições (183-184)



183 - Como se interpreta o ciúme no plano espiritual?

- O ciúme, propriamente considerado nas suas expressões
de escândalo e de violência, é um indício de atraso moral
ou de estacionamento no egoísmo, dolorosa situação que
o homem somente vencerá a golpes de muito esforço,
na oração e na vigilância, de modo a enriquecer
o seu íntimo com a luz do amor universal,
começando pela piedade para com todos os que sofrem
e erram, guardando também a disposição sadia para cooperar
na elevação de cada um.

Só a compreensão da vida, colocando-nos na situação
de quem errou ou de quem sofre, a fim de iluminarmos
o raciocínio para a análise serena dos acontecimentos,
poderá aniquilar o ciúme no coração, de modo a cerrar-se
a porta ao perigo, pela qual toda alma pode atirar-se
a terríveis tentações, com largos reflexos nos dias do futuro.

184 - Como devemos efetuar nossa auto-educação,
esclarecida pela luz do Evangelho, aos problemas
das atrações sexuais, cujas tendências egoístas
tantas vezes nos levam a atitudes antifraternais?

- Não devemos esquecer que o amor sexual deve ser
entendido como o impulso da vida que conduz o homem
às grandes realizações do amor divino, através
da progressividade de sua espiritualização no devotamento
e no sacrifício. Toda vez que experimentardes disposições
antifraternais em seu círculo, isso significa que preponderam
em vossa organização psíquica as recordações prejudiciais,
tendentes ao estacionamento na marcha evolutiva.

É aí que urge o esforço da auto-educação,
porquanto toda criatura necessita resolver o problema
da renovação de seus próprios valores.
Haveis de observar que Deus não extermina
as paixões dos homens, mas fá-las evoluir,
convertendo-as pela dor em sagrados patrimônios
da alma, competindo às criaturas dominar o coração,
guiar os impulsos, orientar as tendências,
na evolução sublime dos seus sentimentos.

Examinando-se, ainda, o elevado coeficiente
de viciação do amor sexual, que os homens criaram
para os seus destinos, somos obrigados a ponderar que,
se muitos contraem débitos penosos, entre os excessos
da fortuna, da inteligência e do poder, outros o fazem
pelo sexo, abusando de um dos mais sagrados pontos
de referência de sua vida.

É por esse motivo que observamos, muitas vezes,
almas numerosas aprendendo, entre as angústias
sexuais do mundo, a renúncia e o sacrifício,
em marcha para as mais puras aquisições do amor divino.

Depreende-se, pois, que, ao invés da educação sexual
pela satisfação dos instintos, é imprescindível
que os homens eduquem sua alma
para a compreensão sagrada do sexo.





Emmanuel/Chico Xavier(1940)
Fonte: O Consolador

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