9 de mai. de 2009

Mães



O coração das mães não descansam, além da morte.
Impossível que o túmulo nos roubasse
o tesouro dos afetos.

Seguimos, de perto, as preocupações e trabalhos
de todos aqueles que respiram no círculo de nosso
amor.

Aquele carinho e aquela santificada alegria
que nos uniram uns aos outros, na Terra,
permanecem cada vez mais vivos, dentro de nossa alma.

A ventura maternal está representada
na posse do amor dos filhos, que constituem
a sua razão de ser.

O jardim, do lar é o tabernáculo divino,
onde o homem pode e deve manifestar
os mais nobres valores que recebe
da Providência Divina.

Sem a renúncia materna, a família quase sempre
é um turbilhão de sofrimentos e necessidades
indefiníveis e sem fim.

As mães nunca morrem.
Não acreditem que os desencarnados estejam fora
das alfinetadas que o mundo impõe às almas.

Sofremos também, com intensidade terrível,
de vez que já não dispomos da carne que nos serve
de anteparo às grandes comoções.

Enquanto a vida nos retém no corpo físico,
mormente nós, as mães, anelamos para os nossos rebentos
as melhores posições materiais, entretanto,
cedo a morte nos ensina que a luz não brilha na ilusão.

Quando nossos filhos, na Terra,
se fazem gente grande e livre,
permanecemos mais a sós, conosco
vivendo as reminiscências e esperanças.

Nossa alma, de volta ao passado,
surpreende, na senda percorrida,
os quadros que desejaríamos conservar inalterados.

Aqui é um trecho da terra a falar mais particularmente
ao coração, ali é uma voz de criança que ainda
ressoa, nítida e cristalina, aos nossos ouvidos.
Entretanto, é imprescindível tudo deixar,
a fim de atingir a praia distante da purificação.

Nós, as mães, muitas vezes, somos como a hera,
agarrada às paredes da vida.
O amor compele-nos à imantação com numerosas almas que,
no fundo, precisam caminhar por si mesmas.

Quantas de nós são obrigadas a sofrer, anos e anos,
além da morte física, no santo aprendizado do
esquecimento?

Acompanhamos nossos filhos como a sombra segue o corpo,
contudo, não conseguimos atingir o nosso ideal de senti-los
em plena harmonia conosco, porque realmente cada alma evolui
no plano que lhe é próprio.

Somos peregrinas, batendo à porta de variados corações,
deles esmolando a alegria da compreensão
e do auxílio.
As vezes, choramos em lhes observando
a juvenilidade espiritual, mas, na qualidade de mães,
confiamos e esperamos.

Quando a fonte se nega a irrigar a terra pobre,
a breve tempo, reconhecemos o deserto diante de nós.
Se abandonamos a planta menos protegida à visita dos vermes,
a devastação das folhas e das raízes não se fará esperar.

Ainda que as lágrimas sejam o nosso pão de cada dia,
não podemos alterar nosso velho roteiro.
Avancemos, pois, mesmo assim.

Maria Augusta Bittencourt
psicografia Chico Xavier
em Cartas do Coração

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