9 de mai. de 2009

Mãe



Um dia, a Mulher solitária e atormentada chegou ao Céu e,
rojando-se, em lágrimas, diante do Eterno Pai,
suplicou:
- Senhor, estou só! Compadece-te de mim.

Meu companheiro fatigado, cada dia, pede-me repouso
e devo velar-lhe o sono!
Quando triunfa no trabalho,
absorve-se na atividade mais intensa e,
muita vez distraído, afasta-se do lar,
onde volta somente quando exausto,
a fim de refazer-se.

Se sofre, vem a mim, abatido
buscando restauração e conforto...
Tu, que deste flores ao arvoredo
e que abriste as carícias da fonte,
no seio escuro e ressequido do solo,
consagras-me, assim, ao isolamento?

Reservaste a Terra inteira ao serviço do homem
que se agita, livre e dominador, sobre montes e vales,
e concedes a mim apenas o estreito recinto da casa,
entre quatro paredes, para meditar
e afligir-me sem consolo?

Se sou a companhia do homem,
que se vale de mim para lutar e viver,
quem me acompanhará na missão a que me destinas?

O Senhor sorriu, complacente,
em seu trono de estrelas fulgurantes e,
afagando-lhe a cabeça curvada e
trêmula, falou compadecido:

- Dei o mundo ao homem,
mas confiarei a vida ao teu coração.

Em seguida colocou-lhe nos braços uma frágil criança.
Desde então, a Mulher fez-se Mãe e
passou a viver plenamente feliz.

Meimei/Chico Xavier
em Cartas do Coração

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