Emmanuel
Um companheiro amargurado
por desgostos no cotidiano,
certa feita, através de emissora interiorana,
ouviu a voz empolgante de um professor de otimismo
que lhe cativou a atenção e a simpatia.
De três em três dias, ei-lo prostrado
junto ao receptor, a fim de registrar
os conceitos do orientador distante.
Tão admirado se viu com as respostas
com que o prestimoso amigo reconfortava
e instruía aos ouvintes, que lhe dirigiu
a primeira carta, solicitando-lhe auxílio
para sanar as inquietações de que se
reconhecia objeto.
Entusiasmado com os apontamentos que obtinha
pelo sem fio, confiou-se à copiosa
correspondência, na qual se expunha
ao mentor, rogando-lhe as opiniões que
chegavam, sempre sinceras e sensatas.
Aquele homem, cujas palavras de paz e compreensão
se espalhavam pelo rádio, devia conhecer
as mais intrincadas questões humanas.
Para quaisquer indagações, expedia
a resposta exata e tanto adentrou
na faixa dos pensamentos novos
que lhe eram endereçados que o amigo,
dantes fatigado e pessimista, observou-se
curado da angústia crônica que o possuía.
Renovado e feliz, deliberou exteriorizar
a gratidão que lhe vibrava nos recessos do ser,
procurando abraçar o benfeitor pessoalmente.
Combinaram dia e hora para o encontro
e o beneficiado despendeu oito horas,
em automóvel, varando estradas difíceis,
de modo a reverenciar o professor que lhe
reabilitara as forças para a vida.
Só então, depois de atingir a cidade
para a qual se dirigia, entre consternação
e júbilo, conseguiu avista-lo, verificando,
por fim, que o distinto radialista,
que lhe devolvera a alegria de viver
e trabalhar, era paralítico e cego.
Emmanuel/Chico Xavier
do Livro Agora é o Tempo
5 de ago. de 2009
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