5 de jul. de 2009

O Espírito da Maldade



-Neio Lucio-

O Espírito da Maldade, que promove aflições
para muita gente, vendo, em determinada manhã,
um ninho de pássaros felizes, projetou destruir
as pobres aves.

A mãezinha alada, muito contente, acariciava
os filhotinhos, enquanto o papai voava,
à procura de alimento.

O Espírito da Maldade notou aquela imensa
alegria e exasperou-se.
Mataria todos os passarinhos, pensou consigo.
Para isto, no entanto, necessitava de alguém
que o auxiliasse.

Aquela ação exigia mãos humanas.
Começou, então, a buscar a companhia das crianças.
Quem sabe algum menino poderia obedecê-lo?
Foi a casa de Joãozinho, filho de Dona Laura,
mas Joãozinho estava muito ocupado na assistência
ao irmão menor, e, como o Espírito da Maldade
somente pode arruinar as pessoas insinuando-se
pelo pensamento, não encontrou meios de dominar
a cabeça de João.

Correu à residência de Zelinha, filha de Dona Carlota.
Encontrou a menina trabalhando, muito atenciosa,
numa blusa de tricô, sob a orientação materna, e,
em vista de achar-lhe o cérebro tão cheio
das idéias de agulha, fios de lã e peça por acabar,
não conseguiu transmitir-lhe o propósito infeliz.

Dirigiu-se, então, à chácara do senhor Vitalino,
a observar se o Quincas, filho dele, estava
em condições de servi-lo. Mas Quincas,
justamente nessa hora, mantinha-se, obediente,
sob as ordens do papai, plantando várias mudas
de laranjeiras e tão alegre se encontrava,
a meditar na bondade da chuva e nas laranjas
do futuro, que nem de leve percebeu as idéias
venenosas que o Espírito da Maldade
lhe soprava na cabeça.

Reconhecendo a impossibilidade de absorvê-lo,
o gênio do mal lembrou-se de Marquinhos,
o filho de Dona Conceição.
Marquinhos era muito mimado pela mãe,
que não o deixava trabalhar e lhe protegia
a vadiagem.

Tinha doze anos bem feitos e vivia de casa em casa
a reinar na preguiça.
O Espírito da Maldade procurou-o e encontrou-o,
à porta de um botequim, com enorme cigarro à boca.
As mãos dele estavam desocupadas e a cabeça vaga.

- "Vamos matar passarinhos?"
- disse o espírito horrível aos ouvidos
do preguiçoso.

Marquinhos não escutou em forma de voz,
mas ouviu em forma de idéia.

Saiu, de repente, com um desejo incontrolável
de encontrar avezinhas para a matança.

O Espírito da Maldade, sem que ele o percebesse,
conduziu-o, fàcilmente, até à árvore
em que o ninho feliz recebia as carícias do vento.

O menino, a pedradas criminosas, aniquilou pai,
mãe e filhotinhos. O gênio sombrio tomara-lhe as mãos e,
após o assassínio das aves, levou-o a cometer
muitas faltas que lhe prejudicaram a vida,
por muitos e muitos anos.

Somente mais tarde é que Marquinhos compreendeu
que o Espírito da Maldade somente pode agir, no mundo,
por intermédio de meninos vadios ou de homens
e mulheres votados à preguiça e ao mal.


Neio Lucio/Chico Xavier
do Livro Alvorada Cristã

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigada pela visita e comentário!Estou de endereço novo:
http://recantoluzdasestrelas.blogspot.com/
obs:esse texto que postou é muito bom!
Bjos! =]