30 de jul. de 2009

Guardados



Curioso, no mundo, é que quase todas as pessoas
costumam manter seus guardados.

São trastes emperrados, que o apego
não permite deles se desfaça.

São vestes e utensílios que lembram
essa ou aquela ocasião, detendo valores afetivos,
conforme se diz nos caminhos terrestres.

Quinquilharias apresentam-se atulhando gavetas várias,
assemelhando-se a museus pessoais,
detidos nos lares ou em instituições específicas.

Vislumbram-se jóias caras, que não são usadas,
em virtude do medo, nem têm outra finalidade
senão agrilhoar as almas, já de per si
tão presas ao amontoado de coisas
verdadeiramente sem legítimos valores.

São nossos guardados, afiançamos.

Quem nos dera fosse mais fácil guardar
virtudes e glórias das conquistas espirituais,
em aplicação constante, que, sob nenhuma hipóteses,
estariam paralisadas!

Quem nos dera fossem nossos guardados
utilizados a benefício dos carentes,
dos sofredores, adquirindo expressão nobre!

Comentamos, vastas vezes, acerca dos ensinamentos
de nosso Jesus, com relação a não fazermos
tesouros perecíveis, aqueles que não ficarão
em nosso poder ou que são corroídos, consumidos,
furtados; entretanto, continuamos a manter
guardados inúteis, ao mesmo tempo que alegamos
não dispor de recursos de servir
a quem suplica amparo.

Ponha-se a criatura a armazenar alegria,
para distribuí-las com os tristes;

coloque-se o homem a amealhar sorrisos,
espalhando bondade pelos caminhos;

ajuste-se cada um ao labor de guardar ternura,
ofertando-a aos irmãos ao redor,
nessa quadra tão crua do sentimento humano,
e, sem dúvida, os seus serão os melhores guardados,
nas reservas felizes em sua vida,
pelo possibilidade de dirigi-los a outros,
promovendo júbilos e alevantando vidas.

Guardados que estamos no Amor Divino,
guardemos na fé e no trabalho de cada hora
o melhor dos nossos empenhos, de modo que,
em nome do amor ao próximo, nos libertemos
e nos iluminemos, fazendo amigos com
os recursos que temos no mundo,
como prelecionou Jesus.

Thereza de Brito
de J. Raul Teixeira – diversos espíritos
de “Nossas riquezas maiores”

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